O pecado da ostentação

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“Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo” (1 João 2:16)

Houve um tempo em que, quando ocorria um grande roubo, um golpe milionário, uma das principais técnicas de investigação era despachar dezenas de policiais para o submundo das noites. Boates — chamadas naquela época de inferninhos — prostíbulos, dos mais baratos aos mais caros, e bares, com o objetivo de saber quem de repente apareceu gastando muito. Logo, a polícia recebia informes de garçons, gerentes, seguranças e prostitutas sobre sujeitos que apareciam gastando muito, pagando a conta de todos, exibindo joias e carros novos. Era trabalhoso, porém com grandes chances de dar certo.

A literatura e a filmografia policiais sempre mostram um detetive solitário, percorrendo durante a madrugada o submundo de uma grande cidade, durante a investigação de roubo milionário, entregando uma nota para um informante, vez por outra com a pergunta: quem apareceu ostentando e gastando muito? A famosa série “Kojak”, exibida entre os anos de 1973 e 1978, está repleta dessas cenas.

Essa forma de buscar informações faz parte do passado. Hoje, na busca por criminosos, um policial no máximo vai passar as madrugadas em frente a um computador e perscrutar redes sociais. E não terá muito trabalho, basta apenas um pouco de paciência. Vai inserir nas buscas filtros de palavras, mecanismo de comparação de fotos, nomes e aguardar. Em segundos, várias listas aparecem. Copia tudo, baixa as fotos e os vídeos e, depois, os analisa detalhadamente. Logo, o transgressor ou os transgressores da lei são identificados.

O noticiário policial quase que diariamente publica as prisões de quadrilhas que praticavam golpes digitais, financeiros ou cartões de crédito, auferindo milhões. Ostentavam luxo nas redes sociais, exibindo joias, carros importados, bebidas caras, viagens para lugares paradisíacos, participação em festas, sem a mínima preocupação de despertar o interesse da polícia.

Recentemente, a blogueira carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos, foi presa sob suspeita de aplicar golpes com cartões de crédito. Em suas redes sociais, exibia para os milhares de seguidores uma vida de luxo. Autorizada pela Justiça a responder ao processo em liberdade, não se conteve: correu para as redes sociais avisando “aos pouquinhos estou voltando”, conforme noticiado aqui no EXTRA em 16 de fevereiro. Não é só deboche, é a certeza da impunidade aliada à inconsequência juvenil.

Em contrapartida, a facilidade com que as novas tecnologias facilitam o trabalho investigativo policial, a lei não punindo adequadamente, deixando de manter nas prisões pessoas que provocaram danos financeiros imensos a idosos, alvo preferido dos golpistas, passa uma mensagem subliminar de que tais crimes compensam. A estupidez dos que, após a prática de golpes, correm para suas redes sociais como formigas atrás do mel, publicando fotos e vídeos em cenas de ostentação, corrobora a falta de raciocínio dessas quadrilhas de jovens adolescentes: não basta ter o lucro indevido, tem que mostrar para o mundo, pois se assim não for não vale a pena. O não pensar, não raciocinar, não deveria ser um paliativo legal.

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Fonte: Fonte: Jornal Extra