HOUSTON (Reuters) – A Exxon Mobil Corp apostou bilhões de dólares em perfuração offshore no Brasil, uma área que já abandonou uma vez e agora vê como chave para seu futuro.
Mas cinco anos depois de seu retorno, a gigante petrolífera dos Estados Unidos ainda não fez uma grande descoberta de petróleo como operadora em águas brasileiras e deixou escapar oportunidades de comprar negócios que agora estão jorrando óleo, apurou a Reuters.
A Exxon perfurou no ano passado dois poços exploratórios em uma área localizada a quase 200 km da costa sudeste do país, reconheceu a empresa. Mas os poços nesses blocos –apelidados de Opal e Titã– não mostraram potencial suficiente para justificar a instalação de uma plataforma, segundo duas pessoas familiarizadas com os resultados.
Só a taxa de licença de perfuração para o bloco de Titã, na Bacia de Santos, custou à empresa cerca de meio bilhão de dólares, mostram registros do governo brasileiro.
A Exxon não avançou com os chamados poços de avaliação nessas áreas, perfuração adicional que é um pré-requisito para entender a extensão e o tamanho de qualquer acumulação de petróleo em preparação para a produção, disseram as fontes.
A empresa se recusou a comentar sobre suas perspectivas de Opal e Titã.
Houve mais más notícias de outro bloco –Uirapuru– no qual a Exxon detém uma participação minoritária. A Petrobras, a operadora líder, notificou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 31 de março de 2020 que as descobertas de petróleo também eram insuficientes para justificar mais investimentos.
A Exxon disse à Reuters que hidrocarbonetos foram encontrados em outro bloco que está explorando em uma parceria 50-50 com a Petrobras como operadora principal na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A Exxon afirmou que a perfuração em um poço chamado Mairarê foi concluída em agosto e os dados ainda estão sendo analisados para determinar como proceder.
Essas dificuldades são comuns no setor de petróleo, em que o desenvolvimento de grandes descobertas pode levar anos. Mas há pressão para que a Exxon tenha sucesso no Brasil, uma das três áreas geográficas com as quais a empresa conta para a maior parte de sua produção futura. As outras duas –Guiana e região de “shale” dos EUA– estão tendo um bom desempenho e evoluindo rapidamente.
Mas a estratégia da empresa no Brasil até agora tem sido decepcionante, apesar de a Exxon gastar 4 bilhões de dólares com parceiros em direitos de perfuração nos últimos cinco anos. Durante esse período, a Exxon passou de um pequeno player para participar de 28 blocos de arrendamento offshore –17 como operadora principal– abrangendo 2,5 milhões de acres. Isso perde apenas para o território offshore controlado pela Petrobras.
Enquanto isso, a Exxon rejeitou negócios em outras zonas offshore no Brasil que estão produzindo com muita eficiência.
A empresa preparou duas vezes contratos finais para fazer ofertas por reservas descobertas colocadas em leilão público pelas autoridades brasileiras, mas foram retiradas na última hora, segundo quatro pessoas familiarizadas com a situação.
O primeiro recuo ocorreu em 2019 em um campo chamado Búzios e, mais recentemente, em dezembro em outro chamado Sépia, disseram as pessoas. A Petrobras já estava produzindo nos dois campos e teria permanecido como operadora líder, com a Exxon assumindo uma participação de 45% em um reservatório maior, disseram as fontes.
Mas a Exxon recusou por medo de gastar demais em ativos nos quais a Petrobras controlaria o tamanho e o ritmo de desenvolvimento, afirmaram as pessoas. Juntos, os dois projetos exigiriam mais de 40 bilhões de dólares, de acordo com as fontes.
Isso é uma pilha de dinheiro. Ainda assim, esses dois blocos já estão produzindo quase 1 milhão de barris por dia de petróleo e gás. Em dezembro, somente Búzios estava produzindo 739 mil bpd, segundo a reguladora ANP. Isso é mais do que a média de todo o país da Venezuela no ano passado. A Petrobras planeja aumentar a produção de Búzios para quase 2 milhões de bpd nesta década.
“Depois de analisar cuidadosamente a oportunidade, decidimos não participar” dos leilões de Búzios e Sépia, disse a porta-voz Meghan Macdonald, sem dar detalhes.
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- Fonte: IstoÉ Dinheiro
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